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a rEvolução da ANIMAÇÃO SOVIÉTICA

Diferente de Petrov, o trabalho do animador, roteirista e diretor Konstantin Bronzit caracteriza-se principalmente, pelo teor cômico. Com roteiros às vezes abstratos e situações um pouco surreais, ele consegue fazer um trabalho magicamente belo.

 

A carreira de Konstantin Bronzit se deslanchou em 1993, quando ele escreveu, dirigiu e desenhou dois curtas de animação, Pacifier com pouco mais de um minuto, e Tuk Tuk, ambos com um roteiro irreverente.

Em Pacifier, pode-se dizer que Bronzit faz uma pequena crítica a utilização da chupeta como forma de distração para um bebê, quando na verdade o que ele deseja é a companhia de alguém para brincar.

Em Tuk Tuk a crítica é aos novos modelos de moradia, os famosos “apertamentos”, cada um vivendo suas vidas em seus cubículos, mas irritados com a interferência alheia em seus momentos de privacidade. A animação retrata a bola de neve que se forma na “DESconvivência” entre vizinhos de apartamento, provocada pelo incômodo causado pelos barulhos que atravessam as finas paredes e as suposições de qual vizinho é o responsável pela ocorrência.

Switchcraft de 1994, mais uma vez de forma bem humorada retrata nossa briga constante com os barulhos noturnos que permeiam nosso sono.

 

Um visitante misterioso, um gato que não quer cumprir seu ofício, um morador irritado com tudo isso, compõe essa animação que na verdade tem como personagem principal o interruptor da luz.

No Fim do Mundo de 1999, Bronzit conquistou mais de 70 prêmios pelo mundo, não é por menos, pois o modo como uma família vive em uma casa equilibrada no topo do mundo é divertida e intrigante. O que nos remete ao nosso mundo moderno, onde as famílias equilibram suas despesas e necessidades de acordo com as possíbilidades e seu meio.

konstantin BRONZIT

The God, produzido em 2003 é a primeira animação que Bronzit foge do modo tradicional de seus desenhos. Com efeitos gráficos trabalhados digitalmente, o filme conta de forma original, uma situação pela qual acredito que todos já tenhamos passado um dia ou iremos passar. Uma “bendita” mosca que nos faz de alvo da aporrinhação e a qual não conseguimos eliminar nem com todos os poderes divinos.

Utilizando de várias camadas de formas e cores, Bronzit, em O Gato e a Raposa de 2004, volta a usar um gato como personagem da trama, mas desta vez no papel principal. Expulso de casa pelo transtorno que causa ao seu dono, ele é jogado na floresta, onde acaba conhecendo uma raposa (não, não é A Raposa e o Gato do conto dos Irmãos Grimm). Mas poderia ser, pois a animação reforça exatamente a esperteza da raposa em utilizar de seus truques para conquistar algo e ao mesmo tempo a “esperteza” do gato em fugir das situações de perigo.

Como um dos favoritos ao Oscar de 2009 (mas infelizmente não levou) Lavatory Lovestory de 2007, merecia o prêmio, pois contar uma história de amor em meio a um cenário inusitado, de um banheiro público (de aeroporto, rodoviária ou praça) é algo que merece grande consideração artística. E fazer isto utilizando de traços singelos e significativos, é uma arte que merece respeito. Mais uma vez, de forma cômica e muito romântica, Bronzit nos transporta para uma história emocionante sobre a solidão em meio a multidão e a reafirmação de que o amor pode estar mais próximo do que se imagina.

por ramon XAVIER

© 2014 por Futuros Cineastas - futuroscineastas@gmail.com

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